quinta-feira, 17 de março de 2011

10 Perguntas para José Roberto Vieira

     
José Roberto Vieira nasceu em 1982, na capital de São Paulo. Formado em Letras pela Universidade Mackenzie, atuou como pesquisador pelo SBPC e CNPQ. Atualmente é redator e revisor. Teve contos publicados na coletânea Anno Domini – Manuscritos Medievais (2008) Pacto de Monstros (2009). O Baronato de Shoah – A Canção do Silêncio é seu romance de estreia, uma emocionante aventura épica em um mundo fantástico e sombrio. Nele, passado, presente e futuro se encontram com a cultura pop numa mistura de referências a animações, quadrinhos, RPG e videogames. Considerado o primeiro romance nacional pensado na estética steampunk, o mundo de O Baronato de Shoah une seres mitológicos como medusas e titãs a grandes inventos tecnológicos.
        
      Nesta pequena entrevista, José Roberto Vieira fala de influências, sonho e adianta o título da sequência de O Baronato de Shoah.

     Cilindroide: Você já disse em outra ocasião que o RPG o livrou de algumas influências negativas. Além de salvar a sua vidaque papel estes jogos tiveram na formação de um José Roberto escritor?
          
José Roberto: O RPG é uma das minhas maiores influências, foi ele quem me levou a conhecer autores literários e a minha vontade de ser escritor veio daí. Quando comecei a jogar nunca aceitava o que os livros falavam totalmente, então adaptava várias coisas (todo mundo faz isso, não?) para o que eu queria. No fim acabava criando mundos novos, mas com interferência dos módulos básicos. Jogos como Dungeons & Dragons me fizeram ir procurar literatura medieval (e descobrir que ambos tinham pouco em comum…). Vampiro: a máscara me fez ir atrás da literatura de terror e por aí vai. Você pode querer ser um escritor com alguma base em RPG, mas não pode ficar só nisso.

Cilindroide: Livros podem salvar pessoas, então?

 Podem. Assim como o futebol, a dança, a música. Depende do caminho da sua vida e do que você quer fazer com ela.

Cilindroide: Fale um pouco sobre seus trabalhos anteriores ao Baronato de Shoah: A Canção do Silêncio.

José Roberto: Tenho dois trabalhos que considero mais relevantes para mim, além de contos publicados em antologias. Éride, um RPG no mundo contemporâneo onde os filhos dos deuses gregos combatem pelo domínio da eternidade; e Taenarum, um RPG de fantasia onde os elfos impuseram uma ditadura às demais raças e os anões são seus maiores inimigos.

Cilindroide: Contos e Romances exigem abordagens diferentes na hora de se organizar para escrever? Que imprevistos encontrou enquanto trabalhava no livro?

José Roberto: Sim. Ambos têm estruturas diferentes, o conto é algo mais centrado, em torno de um único tema. Já o romance pode ter várias ramificações e conflitos. Meu maior problema com o livro foi que algumas vezes eu perdia o foco, ou colocava personagens demais, deixando-os sem utilidade alguma. Mais tarde isso foi corrigido, a obra ficou mais centrada, com menos personagens, mas todos ganhando sua importância e história. Mesmo os vilões atraem sua simpatia, por que não são apenas os caras “malvados”, mas pessoas que acreditam no que fazem.

José Roberto e Erick Sama, editor da Draco, tentando fingir que não é
uma Barbie em cima de sua cabeça


Cilindroide: Temos um release aqui, mas queremos ouvir de você: o que os leitores podem esperar de O Baronato de Shoah?

José Roberto: Vocês podem esperar uma obra que foi feita com carinho, dedicação, esforço e sacrifício. Há um pedaço da minha alma neste livro. Este mundo ainda tem muito a oferecer e a saga da “Canção do Silêncio” é só uma parte dele. Juntos, eu espero que possamos desbravar cada cidade, cada reino e ilha de Nordara e além.

Cilindroide: Shoah, Kabalah, Nabiyim... Alguns termos utilizados no livro possuem uma sonoridade hebraica, digamos assim. Houve alguma influência da cultura judaica no desenvolvimento do universo onde se passa o romance?

José Roberto: Totalmente. Eu sonhei com o nome “Shoah” e só mais tarde descobri que ele realmente existia. Fui atrás da cultura hebraica por causa disso e me apaixonei logo de cara. Com o passar do tempo e muita pesquisa fui adaptando palavras e conceitos para o que eu queria. O Baronato de Shoah, a seu modo, é também uma homenagem a esta cultura tão estimulante.

Diren Grey, arte de Rod Reis


Cilindroide: Falando em influências. Como animações e games influenciaram o Baronato?

José Roberto: Animes como Steamboy, Last Exile, ou jogos como Final Fantasy (principalmente o 3/6) foram de grande influência para o Baronato, por isso no livro nós temos tantas referências a eles. Sempre que eu me encontrava desmotivado, procurava estas obras para inspiração. Não que eu quisesse copiá-los, mas queria extrair deles o conhecimento necessário para meu próprio mundo.

Cilindroide: O Baronato de Shoah é considerado por muita gente o primeiro romance steampunk nacional. Agora, José Roberto Vieira é uma referência para os steamers. O que acha disso?

José Roberto: Ainda fico surpreso com blogs e sites me chamando de “Senhor Vieira” ou algo parecido. E fico mais surpreso ainda quando pessoas de fora da internet descobrem a obra. Por exemplo, um dia desses eu estava na Livraria Cultura e vi um cliente e um vendedor consultando o livro no sistema! Foi maravilhoso, mas não me aproximei. Depois, escutei o vendedor dizendo que também estava esperando o livro, pois estava curioso sobre ele. Os steamers sempre me trataram muito bem e adotaram o Baronato e sua cultura. Sou muito grato a eles pela ajuda e incentivo que me deram desde o primeiro parágrafo. Se você prestar atenção, há homenagens ao Conselho Steampunk no Baronato de Shoah.



 Cilindroide: Podemos esperar outras histórias no universo de O Baronato de Shoah?
        
      José Roberto: Sim, eu já tenho alguns contos prontos neste universo, e estou rascunhando a continuação do Baronato de Shoah. Até agora não tenho muita coisa, mas adianto um spoiler: O Baronato de Shoah: A Máquina do Mundo.
     
Autografando o primeiro exemplar
       
     
      Cilindroide: O que mais vem por aí?

José Roberto: Eu quero viver disso, sabe? Quero criar os romances e Éride e Taenarum, trabalhar com estes mundos seria fantástico. Também quero que o Baronato cresça, que os brasileiros tenham um cenário grandioso para chamar de seu e ter orgulho de mostrar e divulgar. É o meu sonho.

Cilindroide: Agora o espaço é seu. Boca no trombone.

José Roberto: É hora de agir, pessoal. A Literatura Fantástica está dando seus passos, e os escritores brasileiros crescem em números. Vamos agir com profissionalismo, nos ajudar, criar eventos, ter esperança. Juntos podemos transformar o mercado.

Cilindroide: Obrigado, Senhor Vieira.

O Baronato de Shoah será lançado dia 03/04 às 15:00, na Friends Shop, loja oficial do Anime Friends. O local é o Bairro da Liberdade, na rua Conselheiro Furtado, numero 303 (perto da rua Santa Luzia e da Rua da Glória). Você também pode encontrar o livro no site da Editora Draco. 

Adquira o seu antes que o Senhor Vieira fuja
com todos eles




3 comentários:

José roberto Vieira disse...

Brigado pela força, Cirilóide!!!!

e o Erick realmente tentou disfarçar que a Barbie era da esposa.. tsc, tsc..

Octavio Aragão disse...

“A Literatura Fantástica está dando seus passos, e os escritores brasileiros crescem em números. Vamos agir com profissionalismo, nos ajudar, criar eventos, ter esperança. Juntos podemos transformar o mercado”

Vero. Sou esperançoso que c
onseguiremos, se não nos matarmos antes. :-D

Flávio Medeiros Jr disse...

Também estou curioso em relação a esse livro. Chuta essa lata a vapor, ZeRo, e sucesso, que você merece!